26 de abril de 2009

Entre o Céu e o Inferno – Convivendo com o Transtorno Bipolar (Maníaco-Depressivo)


Da felicidade à tristeza. Da mania à depressão. Da imprudência à apatia. Uma montanha russa de emoções pode representar os sentimentos do portador do Transtorno Bipolar: um transtorno psicológico caracterizada por uma grave instabilidade de humor.
O Transtorno Bipolar, também conhecido como Transtorno Maníaco-Depressivo, leva os indivíduos acometidos a ter graves variações de humor chamadas de episódios de mania (caracterizados por exaltação do humor, euforia, hiperatividade, diminuição da necessidade de sono, exacerbação da sexualidade e dificuldades de julgamento), alternados com períodos de depressão (apatia, tristeza, culpa, idéias suicidas, desesperança, entre outros) e de normalidade.
As variações de humor do Transtorno Bipolar podem durar semanas ou meses, trazendo grandes problemas na vida afetiva, profissional e familiar dos indivíduos acometidos pelo transtorno.
Geralmente os primeiros sintomas dão-se em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas isso não é a regra: há evidências de que os primeiros episódios podem ocorrer mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos que se alternam em poucas horas) que muitas vezes confundem os médicos, psicólogos e dificultam ainda mais o diagnóstico.

Fase maníaca do transtorno bipolar
As fases maníacas, quando em seu quadro típico, prejudicam ou impedem o desempenho profissional e as atividades sociais, não raramente expondo os pacientes a situações embaraçosas e a riscos variados (dirigir sem cuidado, fazer gastos excessivos, indiscrições sexuais, entre outros riscos). Em casos mais graves, o paciente pode apresentar delírios (de grandeza ou de poder, acompanhando a exaltação do humor, ou delírios de perseguição, entre outros) e alucinações, embora mais raramente.
Infelizmente, a grande maioria dos indivíduos com Transtorno Bipolar não percebem seus episódios maníacos como prejudiciais. Na verdade, a maioria dos pacientes relata sentimentos muito bons durante o começo de um episódio maníaco e não desejam que o mesmo acabe. Este é um problema sério de julgamento. Enquanto o episódio maníaco progride, os sintomas que o acompanham têm conseqüências dolorosas significativas tais como a perda de um trabalho ou de um relacionamento.
Muitos indivíduos com Transtorno Bipolar abusam drogas ou álcool durante episódios maníacos, e alguns destes desenvolvem problemas secundários de abuso de substância.
Os sinais e sintomas da fase maníaca do Transtorno Bipolar podem incluir:
• Euforia
• Otimismo extremo
• Aumento de auto-estima
• Mau julgamento – decisões precipitadas
• Fala rápida
• Pensamentos rápidos e confusos
• Comportamento agressivo
• Agitação
• Aumento da atividade física
• Comportamento de risco (andar com carro em alta velocidade, brigar, etc.)
• Gastos descontrolados
• Maior vontade de executar ou atingir metas
• Aumento do apetite sexual
• Diminuição da necessidade de sono
• Falta de Concentração
• Consumo de drogas

Fase depressiva do transtorno bipolar
A depressão seguida a um episódio maníaco pode ser grave quando é acompanhada de sentimentos de culpa e remorso pelas ações realizadas durante a mania. Pacientes com Transtorno Bipolar em fase depressiva ficam extremamente vulneráveis em relação a pensamentos desesperansosos e idéias suicidas. Este é o momento onde a família deve ficar atenta para oferecer apoio e encaminhamento médico/psicológico.
Os sinais e sintomas da fase depressiva do transtorno bipolar podem incluir:
• Tristeza
• Desesperança
• Pensamentos e comportamentos suicidas
• Ansiedade
• Culpa
• Problemas para dormir
• Problemas no apetite
• Fadiga
• Perda de interesse nas atividades diárias
• Problemas de concentração
• Irritabilidade
• Dor crônica sem uma causa conhecida

Tratamento
O Tratamento do Transtorno Bipolar começa com o correto diagnóstico feito pelo Psicólogo e Psiquiatra. Felizmente, existem tratamentos efetivos para o Transtorno Bipolar: geralmente os sintomas podem ser minimizados ou mesmo eliminados com a utilização de medicamentos e de acompanhamento psicológico.
A abordagem terapêutica mais indicada para o tratamento do Transtorno Bipolar é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Os pacientes com Transtorno Bipolar tratados com a terapia Cognitivo-Comportamental apresentam melhoras significativas em um período relativamente curto de tratamento.
A TCC é uma abordagem terapêutica baseada na filosofia da Análise do Comportamento e do Cognitivismo. Ambas preconizam a pesquisa científica e uma intervenção baseada em evidências. Isto significa que o trabalho do terapeuta cognitivo-comportamental é diagnosticar, pesquisar e intervir com o paciente, durante a terapia, com métodos que foram validados e que tiveram sua eficácia comprovada em estudos e pesquisas ao redor do mundo, sempre respeitando a individualidade, o amadurecimento e o tempo do paciente.
Existem dois principais objetivos no tratamento da TCC para transtorno bipolar. O primeiro é reconhecer os episódios maníacos antes que eles se tornem incontroláveis e elaborar com o cliente formas de lidar/prever/cessar o episódio.
O segundo objetivo é o de compreender os gatilhos para os episódios depressivos, prevê-los e trabalhar com seus pensamentos e comportamentos de forma diminuir a intensidade e a duração da depressão.
Uma boa relação terapêutica é essencial para que juntos, terapeuta e cliente, possam superar os altos e baixos do Transtorno Bipolar, comprometidos simplesmente com a melhora da qualidade de vida e resgate de uma vida voltada para a satisfação pessoal e felicidade.

Desirée Cassado

Nenhum comentário: