Há pouco tempo atrás, em uma reportagem, Roberto Carlos se dizia vítima doTranstorno Obsessivo-Compulsivo. Este famoso cantor considerava suas muitas manias apenas como superstições até que as mesmas começaram a incomodá-lo.
“Teve uma época da minha vida em que eu não queria cantar certo tipo de música nem falar algumas palavras. Eu pensava que era superstição. Hoje, graças à ciência, descobri que não sou tão supersticioso, eu tenho TOC. Agora estou fazendo tratamento e pode ser que volte a cantar essa música.”
Quando afinal uma mania pode ser considerada doença? Todos nós temos nossas pequenas manias e superstições e elas nos ajudam a lidar melhor com nosso cotidiano. Verificar se o gás está fechado antes de viajar, trancar as portas antes de sair de casa, desligar o celular para ir ao cinema e lavar a mão antes de comer são exemplos de comportamentos que ajudam a nos organizar e a prevenir problemas. A verdade é que ser um pouco preocupado e ansioso é perfeitamente normal.
A história muda quando esses comportamentos se tornam repetitivos e acompanhados de pensamentos intrusivos e obsessivos que impedem a pessoa de viver plenamente sua vida. Estes sintomas são característicos do Transtorno obsessivo‑compulsivo (TOC), e como o próprio nome diz, o TOC é caracterizado pela presença de obsessões e compulsões.
Chamamos de obsessões pensamentos repetitivos, de conteúdo aversivo, que surgem de forma insistente e indesejada (intrusivos) e são acompanhados de grande aflição e angústia. Os pensamentos obsessivos, na grande maioria das vezes, parecem absurdos e irreais, porém são incontroláveis. Quem sofre com esses pensamentos obsessivos sabe o quanto eles são desproporcionais à realidade, mas ainda assim desenvolvem comportamentos repetitivos (compulsões) na tentativa de evitar que as conseqüências descritas pelos pensamentos de fato ocorram, e de aliviar o estado ansioso em que se encontram. A realização das compulsões, também conhecidas como manias, “anula” a angústia e a ansiedade trazida pelos pensamentos obsessivos.
Infelizmente, os rituais a que os pacientes se submetem como forma de afastar as obsessões estimulam ainda mais esses pensamentos. O contrário também acontece e se o paciente tenta resistir e não executar suas compulsões, as obsessões ficam mais fortes. É um círculo vicioso: as obsessões desencadeiam compulsões que reforçam as obsessões. Frequentemente os pacientes relatam que os rituais compulsivos não guardam nenhuma relação lógica com a obsessão que os origina.
Algumas pesquisas revelam que o TOC atinge cerca de 3% da população, e aflige homens, mulheres e até mesmo crianças. Muitas vezes o transtorno evolui de forma grave, a ponto do individuo não conseguir desempenhar bem suas funções no trabalho e na escola, acompanhado de sérios prejuízos em sua vida afetiva e familiar. Os efeitos do TOC podem ser devastadores. A grande maioria dos obsessivo-compulsivos sofrem de baixa auto-estima e baixa autoconfiança. É muito freqüente o transtorno vir acompanhado de outros distúrbios psiquiátricos, como a depressão, dependência do álcool e fobias específicas. Os pacientes com TOC não carreguem apenas a angústia provocada pela doença em si: muitos sofrem com a vergonha que sentem da família e dos amigos. Este é um dos motivos que levam os doentes a camuflar os sintomas e demorar a procurar ajuda. Estudos indicam que os pacientes de TOC levam cerca de
Causas
As causas do TOC ainda não são claras. Existe um equilíbrio delicado entre componente hereditário, bioquímica cerebral, história de vida e traços de personalidade.
Pesquisas indicam que fatores genéticos podem alterar a bioquímica cerebral. No cérebro do paciente de TOC há um desequilíbrio neuroquímico envolvendo principalmente o neurotransmissor serotonina. A serotonina está associada às sensações de prazer e bem-estar. Por isso o tratamento medicamentoso do TOC com antidepressivos, receitados por um psiquiatra, ajuda a manter um nível saudável de serotonina no cérebro e é extremamente importante no tratamento do TOC.
Existe ainda um componente hereditário importante já que é freqüente a incidência do TOC em membros de uma mesma família. Por outro lado, a história de vida e de aprendizagem do indivíduo com TOC tem um papel importante no desenvolvimento do transtorno: pessoas ansiosas, perfeccionistas, que têm o desejo de ter tudo sob controle e um senso exagerado de responsabilidade e de dever possuem os traços de personalidade que colocam uma pessoa sob o risco de desenvolver TOC.
Tratamento
A Terapia Comportamental para o TOC inicia-se com a instrução e a educação do paciente acerca de seu problema. A clareza dos sintomas, a explicação psicológica para o TOC e o conhecimento sobre as etapas de tratamento, motivam o paciente a persistir pelos momentos mais difíceis da terapia. Durante o processo o paciente com TOC, junto com seu terapeuta, compreenderá a função dos seus pensamentos obsessivos e aprenderá a lidar com suas compulsões.
Atualmente, a opção de tratamento para o TOC que traz os melhores e mais duradouros resultados são aqueles que combinam o uso de medicamentos e a Terapia Comportamental. Sabe-se que a combinação de antidepressivos e ansiolíticos com Terapia Comportamental podem reduzir os sintomas em até 80%.
Portanto, deve existir, para um tratamento de sucesso, a parceria entre o médico Psiquiatra e o Psicólogo Comportamental. O uso de medicamento é extremamente importante, pois visa, junto com a psicoterapia Comportamental, corrigir a carência de serotonina no cérebro.
Felizmente, as mudanças alcançadas através da Terapia Comportamental são profundas e duradouras: os benefícios mantêm-se por um longo tempo, mesmo após a retirada dos medicamentos. Os pacientes acometidos com o TOC aprendem ao longo do processo terapêutico a lidar melhor com situações que geram ansiedade e que desencadeiam crises obsessiva, assim como aprendem a entender e lidar com a ansiedade como um sentimento normal, saudável e essencial para o equilíbrio emocional.
Um comentário:
Eu pratico agora, gracas a leituras a desintoxicacao mental, atraves do condicionamento mental, mas sinto que por vezes explode um transtorno de repiticao e retencao de ideias ou pensamentos que tendem a euphoria, desde que tenha havido um elogio a posterior, ou algo que que leve a suposta admiracao. Do resto Gostei do artigo. Abraco, Ant. Luis
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